Numa dessas minhas insônias, que há dias tem voltado-sumido-reaparecido,
observei a imensidão da Lua, na minha janela que tremula a cada
caminhão pesado, ou som com mais de oitenta decibéis. Tão sozinha,
brilhante e gritante. Branca, em suas esferas, rodeando o Sol sem culpa,
sem remorso algum. Vivendo em torno do outro, esquecendo o próprio
umbigo, suas necessidades vitais. Quanta compaixão! Queria ir pra praia, pensei. A combinação lunar e aquática,
tão mais bonita do que essa urbanidade toda, que a solidão parece ainda
maior. Soa muito mais agudo. De nada adianta essa sincronicidade
inocente falhada. Em ruínas, sob escombros e destroços, me
surpreendo com a própria força e maturidade que já adquiri. E mais
surpresa ainda, com as recentes e recorrentes, possibilidade. Mil.
Não nomeio o que sinto. Nem ao menos, o que vivo. Apenas, estou feliz,
estou indo, estou bem. Na minha independência maior de idade, no meu detalhismo
insistente, continuo a mesma. E afinal, nem foi tão ruim assim. A gente
fica triste, mas no outro dia, já esquece tudo outra vez e pensa no que viveu, rindo. E não é bem
o que a gente quer, mas a gente aceita. Não tapa totalmente o buraco,
mas conforta por algum tempo, dá uma massageada no ego. Por mais que
necessite tempo, pra me achar, pra tudo clarear, são as possibilidades,
os acasos que tem seduzido e se insinuado, dançado loucamente sob a
minha sacada e na minha alma. Caminhos pro futuro, expectativas de vida
longa, intuição boa de que no próximo script, a resolução desse
quebra-cabeça todo é certeira.
Até ganhar flores de novo me fez sentir que está tudo como deveria estar. Tudo certo, tudo inerte, tudo perto. Montada na produção, sigo o baile, a
estrada é longa! Aqui não tem fila que anda, mas opção que ocorre. Não
corre; caminha, lenta e bonita, rumo à certeza de vida.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Aquele gostinho
Posso
começar? Ok. Não sei bem ao certo quando aconteceu. Remei, remei e remei
pra maré mudar, e acho que está acontecendo. O barco aos poucos foi
virando, e toma vento forte, rumo pra outro porto. Pelo menos, é o que parece. Na
verdade, me dei conta apenas hoje. Me presenteei aquele tempo
necessário, onde a gente chora a cada música romântica no rádio, se vê
em cada personagem sofredor de novela, tem vontade de ver filmes
dramáticos, e o nosso cobertor vira o nosso melhor amigo. A cama, quase
nossa casa. Confidente e acolhedora, quase um lar, um óasis da dor. Tive
alguns dias de insuportabilidade doentia, onde aluguei alguns amigos,
horas e horas à fio, vendo e revendo fatos, insinuações, distorções, a
história como um todo; contexto e estigma. Gênero e grau. Conclusões,
algumas. Conselhos, muitos. Eu sei, eu sei. E eu me permiti tudo isso. Assinei com convicção o
contrato para enclausuro e fim de solidão, recomeço de esperança e
felicidade. Abaixei o som, quando tocavam músicas
que me instigavam fundo, mexiam dentro e me faziam nostálgica. E comecei
a ler um livro que li há muito tempo, novamente. Comprei roupas, e um
par de sapatos novos, que fizeram subir gradualmente minha auto-estima.
Fim dessa confusão toda, e me vejo negando esse ódio da vida, e vendo
que, a felicidade é uma opção. Não mais que isso, uma bela e grande
opção. Quer, ou não quer. Embarca, ou não vem. Comecei a crer nas
possibilidades, sabe? A gente tende a achar que tudo é passageiro, que a
vida não é muito aí pra nós, mas se a gente não acredita, é isso que
ela se torna: alheia e tão insignificante, quanto passageira. E acho
esse processo todo, super válido. Como, se não assim, se preparar pra
receber amor, amor bom e com gosto decente, se não desocupando a vaga,
tirando o time (totalmente) de campo? Vejo apenas o sumiço, a
reestruturação como alternativa. E dona dos meus caminhos e percalços,
rodovias e vias de tráfego, acho esse tempo es-sen-ci-al. Tanto que,
chegou. Chega de dor, e de papel de vítima. Sentada com perna de índio,
cruzadas e olhos fechados, voltamos a ser o que éramos. Que alívio.
Pegamos então o mapa, que deveria o tempo todo estar nas nossas mãos, e
miramos o horizonte, uns trajetos brilhantes, honrosos e merecidos. Mais
do que válidos, muito mais: concebidos.
Mesmo
que a gente afaste com barreiras de proteção, e cavaletes, as pessoas
querem entrar, querem povoar nosso íntimo. Não tem hora, e só pedem
lugar. Aos poucos, e por que não? Quem
sabe, ué.. O destino nos prega tantas peças, porque não mais uma? Mas a
gente quer voltar. Tem recaídas. E chora um dia, sabendo que é a última
vez: chega a hora de deixar para o futuro o que tiver de ser.
Uma pena, mas as lágrimas são saborosas. São um prenúncio, um aviso vão;
acaba daqui a pouco, e é só correr pro abraço.
Dias
vazios nos acometem, e ficamos assim meio à deriva, sem rumo e marco
certos, mais pra lá do que pra cá. Podia estar melhor, mas tá tudo meio
assim, desgostante. Vai melhor, eu sei. Mais cedo do que você imagina,
me dizem. E então, a gente
sabe que desapaixonou, quando sorri apenas por ver outra pessoa. E o
melhor - isso não quer dizer que estejamos apaixonadas. Ainda. Não é
paixão, mas o calor de uma possibilidade, de quem sabe, um dia ser. O
coração palpita, você ensaia mentalmente falar calma e certeira o que
está falando, e no final, a gagueira te pega mais uma vez. Nervosismo,
mãos que suam, palavras que saem da boca, fugitivas. É
a melhor sensação: sair de um pesadelo, e conseguir (se quiser) entrar
numa nova jornada, novas ações; nova pessoa. Quer coisa melhor? A
gente sorri pelas possibilidades, e não por já entrar em outra
aventura. Mas por se ver livre, completamente livre, daquele pesadelo
inteiro..Quer
coisa mais bonita, mais completa, e transparente, do que a liberdade?
Não a que alguém me deu, e sim, a que escolhi por mim mesma. Não. Não
quero, não. Escolha assim, de gostar e desgostar, de amar e desamarrar, é
pra poucos. Como em tudo que faço, a pressa é campeã. O primeiro encontro é mágico, o segundo excitante, e no terceiro já estou totalmente envolvida - ou entediada. No
amor, não vejo como ser diferente: me apaixono rápido; desapaixono mais
rápido ainda. Simples. Pra entrar no jogo, basta deixar os dados
rolarem; a sorte está lançada, e as oportunidades na mesa. Sorte no
amor, azar no jogo. Felicidade nos dois? Bom jogo!
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