Numa dessas minhas insônias, que há dias tem voltado-sumido-reaparecido,
observei a imensidão da Lua, na minha janela que tremula a cada
caminhão pesado, ou som com mais de oitenta decibéis. Tão sozinha,
brilhante e gritante. Branca, em suas esferas, rodeando o Sol sem culpa,
sem remorso algum. Vivendo em torno do outro, esquecendo o próprio
umbigo, suas necessidades vitais. Quanta compaixão! Queria ir pra praia, pensei. A combinação lunar e aquática,
tão mais bonita do que essa urbanidade toda, que a solidão parece ainda
maior. Soa muito mais agudo. De nada adianta essa sincronicidade
inocente falhada. Em ruínas, sob escombros e destroços, me
surpreendo com a própria força e maturidade que já adquiri. E mais
surpresa ainda, com as recentes e recorrentes, possibilidade. Mil.
Não nomeio o que sinto. Nem ao menos, o que vivo. Apenas, estou feliz,
estou indo, estou bem. Na minha independência maior de idade, no meu detalhismo
insistente, continuo a mesma. E afinal, nem foi tão ruim assim. A gente
fica triste, mas no outro dia, já esquece tudo outra vez e pensa no que viveu, rindo. E não é bem
o que a gente quer, mas a gente aceita. Não tapa totalmente o buraco,
mas conforta por algum tempo, dá uma massageada no ego. Por mais que
necessite tempo, pra me achar, pra tudo clarear, são as possibilidades,
os acasos que tem seduzido e se insinuado, dançado loucamente sob a
minha sacada e na minha alma. Caminhos pro futuro, expectativas de vida
longa, intuição boa de que no próximo script, a resolução desse
quebra-cabeça todo é certeira.
Até ganhar flores de novo me fez sentir que está tudo como deveria estar. Tudo certo, tudo inerte, tudo perto. Montada na produção, sigo o baile, a
estrada é longa! Aqui não tem fila que anda, mas opção que ocorre. Não
corre; caminha, lenta e bonita, rumo à certeza de vida.
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